sábado, 1 de março de 2008

O EDIFÍCIO COMO “BLOCKBUSTER”. O PROTAGONISMO DA ARQUITECTURA NOS MUSEUS DE ARTE CONTEMPORÂNEA

Ao longo das últimas décadas, tem-se verificado que a arquitectura de museus de arte contemporânea tende a assumir um papel fundamental na definição e na difusão da imagem das instituições. Contando, em muitos casos, com a assinatura de arquitectos de renome internacional, estes edifícios actuam como catalizadores da vida cultural das cidades, contribuindo para a reabilitação do património arquitectónico ou para a renovação de determinadas zonas urbanas. A tendência apontada é visível num conjunto representativo de museus e centros de arte contemporânea localizados na Península Ibérica. Observando os casos atrás referidos, torna-se evidente que, embora o sucesso destas instituições possa ser potenciado pela excelência da arquitectura, deriva igualmente da qualidade das colecções, das exposições temáticas e do programa de actividades. Neste sentido, o alcance mediático do contentor não implica que os conteúdos museográficos sejam subvalorizados. Pelo contrário, a atenção conferida ao edifício pelos meios de comunicação social e pelos visitantes deve ser encarada como um poderoso instrumento para captar novos públicos e, assim, aproximar mais as pessoas da criação artística e arquitectónica da actualidade. Se, por definição, um “blockbuster” é um evento temporário que atrai visitantes que, normalmente, não frequentam museus, paradoxalmente, constata-se que o sucesso de um edifício museológico, enquanto estrutura perene, depende da sua capacidade para transcender o entusiasmo do primeiro contacto, estimulando o público a voltar. Essa motivação resulta sempre da confluência de diversos factores como a localização, a expressão arquitectónica, a relevância das colecções e exposições, e a oferta de actividades complementares que coexistem no espaço físico do edifício e, muito para além dele, reproduzidas e reinventadas em livros, revistas, jornais, vídeos e páginas web. Coleccionadas por cada indivíduo como um “museu imaginário” pessoal e personalizado, estas imagens e memórias difusas são preservadas por um período indeterminado, tal como o edifício do museu que, mais do que qualquer exposição temporária, pode tornar-se um duradouro “blockbuster.”

Helena Barranha Arquitecta pela FA-UTL, Mestre em Gestão do Património Cultural pela UAlg, Doutoranda da FAUP. Assistente no IST-UTL e investigadora do ICIST.

Um Bem Haja Caros Colegas
Ana do Vale

1 comentário:

MáLingua disse...

Tem toda a razão cara colega!